Inflação é o aumento dos preços de bens e serviços. O principal malefício é a perda do poder de compra, ou seja, empobrecimento. A inflação é medida pelos índices de preços. O Brasil tem vários índices de preços. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é o índice padrão usado para medir o aumento mensal de preços ao consumidor final.
Consequências da inflação
A inflação gera incertezas e fragiliza qualquer economia, desestimula investimentos pois num cenário de gangorra de preços fica impossível estabelecer um planejamento de custos e fluxo de caixa em qualquer negócio ou empreendimento, seja de que tamanho for.
Para as pessoas comuns aumento de preço pode levar a atos extremos (como já se viu no passado no Brasil), como a compra de itens essenciais em volumes muito acima do necessário mas para estocagem e assim obter alguma proteção contra a possível majoração daquele produto em cenário de descontrole de preços.
Inflação mais alta também aumenta o custo da dívida pública, pois as taxas de juros da dívida pública têm de compensar não só o efeito da inflação mas também têm de incluir um prêmio de risco para compensar as incertezas associadas com a inflação mais alta.
Plano Real completa 30 anos
Os mais jovens não têm ideia de como a alta dos preços afetou a vida das pessoas entre as décadas de 1970 e meados dos anos de 1990.
No Brasil daquele tempo, era impossível fazer qualquer plano financeiro em longo prazo, pois você literalmente acordava todos os dias pagando mais caro no supermercado. O descontrole chegou ao ponto de a população ter sido chamada a fiscalizar estabelecimentos que não cumpriam o congelamento de preços determinado no governo José Sarney. Os “fiscais do Sarney” marcaram época e representaram mais um entre os diversos planos de estabilização econômica malsucedidos.
De 1986 a 1994, o Brasil teve quatro moedas e seis planos econômicos que fracassaram, até que, finalmente, o Plano Real derrotou a hiperinflação. Um ano antes de sua implementação, em 1993, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) chegou a registrar uma inflação de quase 2.500%.
O plano para conter a hiperinflação
O Plano Real levou cerca de três meses para ser implementado, e contemplou três fases distintas.
A primeira fase foi o ajuste fiscal, que tinha o objetivo de cortar gastos e aumentar a arrecadação, buscando equilibrar as contas públicas. Nessa fase, foi criado o FSE (Fundo Social de Emergência) que desvinculou receitas e despesas para bancar programas de interesse econômico e social, como gastos com saúde, previdência e educação.
A segunda fase implementou a URV – Unidade Referencial de Valor, um dos principais diferenciais do plano em relação aos seus antecessores.
A ideia da URV havia sido criada em 1984. A lógica era: para interromper a alta dos preços, criava-se um sistema com duas moedas; a oficial, que era a inflacionada, e uma nova, que funcionava como indexador e tinha o seu valor corrigido diariamente.
A URV era justamente esse indexador. Quando foi lançada, em 1° de março de 1994, a moeda brasileira era o cruzeiro real (CR$). Na data, uma URV era equivalente a CR$ 647,50, e todos os dias, para saber o preço dos produtos, era preciso converter cruzeiros reais em URVs.
Em 1° de julho de 1994, com a URV valendo CR$ 2.750, ela desaparece como indexador e vira a moeda real, dando início à terceira e última fase do Plano Real. A expectativa era de que a ampla variação da URV absorvesse a alta dos preços dos últimos três meses, de forma que eles não estivessem defasados quando a unidade virou real. Em outras palavras, teoricamente os preços estavam todos alinhados por cima, e as pessoas já estavam familiarizadas com a unidade de preços. Só faltava então trocar o nome de URV para real.
Os efeitos colaterais do remédio
Segundo economistas, o Plano Real trouxe reflexos positivos e negativos à economia.
O conjunto de medidas implementadas em três etapas conseguiu acabar com a hiperinflação que assolava o país desde a década de 80.
Por outro lado, a valorização do real frente ao dólar também trouxe reflexos negativos para a economia. Para muitos economistas a taxa de câmbio valorizada jogou o Brasil em uma competição internacional desigual.
Aumento do déficit externo
A valorização do real tinha provocado um déficit externo enorme, com exportações minguando e importações crescendo a taxas exponenciais. Com o passar do tempo, foi ficando cada vez mais difícil manter a ancoragem cambial. Apesar de ter controlado os preços, o Plano Real não conseguiu colocar a economia em uma rota de crescimento sustentado, segundo o economista.
Para muitos economistas, a única forma de manter uma economia do tamanho do Brasil funcionando seria com importações. E o motivo era simples: com o real tão valorizado, a indústria simplesmente não conseguia operar.
Taxa Selic: O que é
Selic talvez seja a palavra mais repetida quando começam as discussões sobre economia, finanças ou investimentos. Tudo parece, em algum grau, estar relacionado com ela. A taxa Selic é tão importante no funcionamento do mercado que merece ser estudada e compreendida nos seus detalhes por quem está interessado em investir.
A taxa Selic representa os juros básicos da economia brasileira. Os movimentos da Selic influenciam todas as taxas de juros praticadas no país – sejam as que um banco cobra ao conceder um empréstimo, sejam as que um investidor recebe ao realizar uma aplicação.
A taxa média desses negócios, apurada todos os dias, é chamada de Selic efetiva: é o percentual de juros que efetivamente está sendo praticado nesse mercado. Mas existe ainda a Selic meta – e é provavelmente sobre essa que você costuma ouvir falar com mais frequência no seu dia a dia.
A Selic é um dos elementos centrais da estratégia de política monetária no Brasil, que está baseada em um sistema de metas de inflação. Criado em 1999, ele estabelece o compromisso do país em adotar medidas para manter a inflação dentro de uma faixa fixada periodicamente pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), composto pelos ministros e o presidente do Banco Central. O objetivo é assegurar a estabilidade da economia e evitar descontroles de preço como os que o país já viveu em décadas passadas, que causam a perda do poder de compra da moeda.
A meta de inflação no Brasil começou em 8%, com um limite de variação de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Caiu ao longo do tempo e permaneceu em 4,5% ao ano por quase 15 anos. Em 2020, a meta era 4% ao ano, com um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Significa que a meta é considerada cumprida se a inflação acumulada no ano ficar na faixa de 2,5% a 5,5%.
O que o governo faz para tentar manter a inflação nesse patamar? A principal estratégia de política monetária é influenciar a quantidade de dinheiro que circula na economia. Não é difícil entender a lógica: quanto mais recursos estiverem disponíveis, maior a tendência de consumo. E quando se aumenta a demanda por produtos e serviços, é natural que os preços subam. O contrário também é verdade.
É aí que entra a Selic. Ela é a principal ferramenta que o Banco Central para controlar o volume de recursos em circulação. Por isso, quando a economia está aquecida e os preços começam a subir a ponto de minar a meta de inflação, a Selic é elevada. Com juros mais altos, fica mais caro tomar crédito – e não só para os consumidores, como também para as empresas e o próprio governo. Isso desestimula o consumo e ajuda a controlar os preços.
A medida oposta é tomada em períodos em que a inflação está controlada ou abaixo da meta. Quando há espaço, a Selic diminui, o que estimula o consumo e ajuda a aquecer a economia.
Impacto no crédito
A taxa Selic é uma referência para o custo das linhas de crédito em geral. Quando ela é elevada, a tendência é de que empréstimos e financiamentos fiquem mais caros – ou seja, que bancos e outras instituições financeiras cobrem juros mais altos nessas operações. Já quando a Selic diminui, acontece o movimento contrário: os juros do crédito ficam mais baratos.
Impacto no consumo
Crédito e consumo andam lado a lado. Quando os empréstimos e financiamentos ficam mais caros, naturalmente o nível de consumo tende a diminuir, já que o custo dos produtos e serviços aumenta também. Por isso, a tendência é de que uma elevação da Selic cause uma redução das compras. Na situação oposta – quando a Selic cai – o consumo costuma aumentar.
Impacto nos investimentos
De modo geral, uma elevação da Selic beneficia os investimentos de renda fixa, que oferecem uma remuneração baseada em juros. É o caso dos títulos públicos do governo federal, dos tradicionais CDBs emitidos pelos bancos, das letras de crédito, das debêntures, entre outras opções. Todos esses papéis tendem a ter uma rentabilidade maior em tempos de Selic em alta. Do mesmo jeito, quando a taxa é reduzida, o mesmo acontece com o retorno deles.
Quando e como é definida a Selic
A taxa Selic meta é definida e anunciada pelo Comitê de Política Econômica (Copom), um órgão do Banco Central formado por um colegiado (o presidente e por alguns diretores. Ela representa o alvo perseguido pela instituição para a Selic “efetiva”. Isso significa que o BC pode usar suas ferramentas – que basicamente são as negociações de títulos públicos – para conduzir a taxa efetiva o mais perto possível da taxa meta.
O Copom se reúne a cada 45 dias para decidir que Selic “meta” vai vigorar no próximo mês e meio. As reuniões seguem um calendário definido no ano anterior e, em geral, duram dois dias. Normalmente, segundo o Banco Central, em cada um desses encontros os participantes assistem a apresentações técnicas, discutem sobre as perspectivas para a economia brasileira e também global, avaliam as condições de liquidez e ainda, o comportamento dos mercados.
Selic 2024
O CMN – Conselho Monetário Nacional – determinou que a meta da inflação deste ano é de 3% com margem de 1,5% (para cima ou para baixo).
Na penúltima semana do mês de junho de 2024, economistas e especialistas em mercado financeiro refizeram as projeções para o alto e estimaram a inflação do ano em 3,98%.
Por conta desse cenário a última reunião do Copom em 19 de junho decidiu interromper o ciclo de cortes da Selic pois a inflação deu sinais de que não está controlada. A taxa básica de juros anual determinada pelo órgão hoje é de 10,5% e poderá ser revista para cima ou para baixo – ou mesmo mantida – na próxima reunião do Copom marcada para os próximos dias 30 e 31 de julho.
Texto produzido e adaptado para o blog Lonax.
Fontes: Bacen e InfoMoney.