Manejo de pastagem: veja como funciona

Muito se fala na busca por raças bovinas superiores, mas é comum que se esqueça que a criação de gado — tanto de leite quanto de corte — está alicerçada em três pilares: patrimônio genético, status sanitário e nutrição de qualidade. Esse último fator deve receber atenção especial, pois somente com uma dieta de alto valor nutricional é que se alcança o máximo desempenho do rebanho.

Nesse contexto, o produtor precisa buscar por alternativas que elevem os índices zootécnicos dos animais, sem que isso interfira pesadamente em seus investimentos. Uma estratégia que tem sido amplamente empregada pelos pecuaristas brasileiros, por ser economicamente viável e rentável, é o manejo de pastagem.

Mas o que é exatamente essa prática? De que forma ela tem elevado a produtividade da pecuária e como implementá-la na fazenda? Continue a leitura, porque é sobre isso que falaremos neste artigo!

O que é e como funciona o manejo de pastagem?

O manejo de pastagem é o conjunto de intervenções que o produtor faz sobre a sua criação com o objetivo de aumentar a produtividade — ou seja, a quantidade de carne e leite por área —, sem causar danos ao desenvolvimento da forrageira nem à qualidade do solo da propriedade.

De forma sucinta, podemos dizer que os objetivos do manejo de pastagens são:

  • aumentar a vida útil da forrageira, tornando-a mais produtiva por unidade de área e por mais tempo;
  • maximizar o valor nutritivo do pasto para que os animais tenham o maior ganho de peso possível na área;
  • evitar a degradação da pastagem;
  • conservar a qualidade do solo.

Esses princípios parecem um pouco contraditórios, não é mesmo? Afinal, ao mesmo tempo em que se deseja obter o máximo do potencial da forrageira para nutrir o gado, é preciso poupar a vegetação para estender a sua vida útil. Tanto os animais quanto a própria planta precisam das suas folhas para se desenvolver plenamente.

A resposta para esse paradoxo é uma boa administração do pasto e dos animais. E isso pode ser feito, basicamente, por dois métodos de manejo de pastagem. Veja a seguir.

Quais os métodos de manejo de pastagens?

Há dois métodos básicos de manejo de pasto praticados pelos pecuaristas brasileiros. Saiba um pouco mais sobre eles, a seguir.

Sistema de pastejo contínuo

No sistema de lotação contínua o rebanho permanece no mesmo local de pastagem durante todo o ano. Esse método é comumente empregado quando o pasto é nativo ou natural e em fazendas de baixa intensidade de produção, com taxas de lotação que alcançam entre 0,5 e 1,0 UA/ha em média ao ano. Esse tipo de sistema traz menor taxa de produtividade.

Sistema de pastejo rotacionado

No sistema de pastejo rotacionado a área da propriedade é dividida em piquetes que, por um tempo previamente determinado, são ocupados pelo rebanho de modo alternado. Isto é, o gado ocupa uma das áreas, enquanto outro piquete se recupera do pastejo dos animais.

O número de piquetes varia de acordo com o tamanho do rebanho e deve ser definido levando em consideração o período de descanso (PD), que é quando os animais não estão no piquete, e o período de ocupação (PO), quando o gado está consumindo determinado piquete. Esse valor pode ser obtido aplicando a seguinte fórmula:

Número de piquetes = (PD/PO) + 1

Esse sistema de manejo é o mais indicado quando se utilizam gramíneas de alta produção (Mombaça, Aruana, Massai Tanzânia, Zuri, Quênia, Tifton 85, Coastcross e Jiggs, por exemplo) e traz maiores índices de produtividade. Nele, há algumas modalidades:

  • lotação rotativa ou convencional: é a estratégia mais simples, em que apenas um grupo de bovinos é utilizado durante toda a fase de crescimento do pasto. Nele, a área é dividida em piquetes em um número suficiente para todo o ciclo de pastejo;
  • pastejo em faixas: aqui, as cercas podem ser móveis. São pré-determinadas faixas para o pastejo e, normalmente, o PO é de 1 dia;
  • pastejo ponta-repasse ou primeiro-último: são formados dois grupos de animais, em que o grupo que tem maior exigência nutricional pasta primeiro (ponta) e o outro grupo com menor demanda nutricional pasta o mesmo piquete depois. Por exemplo, vacas lactantes entram antes (e consomem a parte superior da forrageira) e vacas secas entram depois;
  • creep-grazing: modalidade parecida com a anterior, com a diferença que os bezerros compõem o primeiro grupo de pastejo, seguidos de suas mães. Essa tática possibilita o amadurecimento mais rápido do rúmen dos bezerros não desmamados, devido à dieta sólida de alta qualidade;
  • pastejo diferido: nesse método um dos piquetes é fechado ao final da época das chuvas, ou seja, o rebanho não o consumirá. A área é guardada para o período de seca, quando há escassez de produção da forrageira.

Por que fazer o manejo de pastagem?

Ao ler como funciona o sistema de manejo rotacionado de pastagem, você já deve ter entendido a importância da prática, não é mesmo? Com uma necessidade crescente de aumentar a produtividade das fazendas, os produtores precisam encontrar maneiras de melhor utilizar os recursos disponíveis, com uma visão mais ampla do negócio.

Isso significa que não adianta ter o melhor boi do mundo se a dieta oferecida a ele não condiz com as suas exigências nutricionais. Da mesma forma, não adianta ter um grande campo com alto volume de pasto se essa forrageira não for altamente nutritiva.

Nesse cenário, o produtor que deseja obter o máximo de produtividade por área de propriedade precisa ter conhecimento sobre a biologia da vegetação que escolheu para o seu rebanho e, também, sobre o comportamento dos animais. De forma sucinta, é preciso ter duas coisas em mente: primeiro, o amadurecimento (crescimento) da planta implica em decréscimo do valor nutritivo; e segundo, o gado não consome pasto tombado.

Quando brota, a planta é mais nutritiva e tem intensa quantidade de folhas. À medida que a folhagem vai crescendo, há acúmulo de folhas velhas na sua base e alongamento do colmo.

Ora, se é sabido que os bovinos preferem brotos e folhas jovens — que, por sua vez são mais nutritivos — e que os colmos (muito fibrosos) dificultam a bocada do animal, parece bastante claro que o pastejo rotacionado é uma das melhores estratégias de nutrição do rebanho, concorda?

No Brasil, 95% do gado é criado em campo solto. Contudo, os pecuaristas encontraram no manejo de pastagem uma alternativa para o confinamento do gado, que é um sistema altamente custoso. Dessa forma, se mantém o método de pastejo tradicional, mas com altos índices de desempenho — tanto para forrageira quanto para rebanho.

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