Conselhos que transformam: fortalecendo empresas familiares

O PIB do Brasil depende das empresas familiares e 75% delas não resistem à primeira geração e a transição é a principal causa. Esse dado é alarmante e isso remete ao esse novo momento que estamos vivendo.

O que desenvolve um país são suas empresas, a geração de emprego; o governo é custo e as empresas são receita. Acredito no meu país, não tenho intenção de desistir dele e sei que posso ajudar muitas empresas a não virarem estatística, através do meu conhecimento técnico e minhas habilidades comportamentais.

Já trabalhei em uma empresa multinacional e hoje sou CEO de uma empresa familiar. Quando cheguei há 2 anos e meio, a empresa estava com o EBITDA negativo. Hoje, crescemos significativamente o EBITDA e dobramos o faturamento da empresa.

Fazendo o curso de conselheira, percebo que utilizei exatamente os pontos cruciais que um conselho observa para alavancar o resultado: pessoal, KPIs, produto, localização, custo, marca, reputação. Gostaria de destacar que a fundadora desta empresa soube fazer a transição e confiou em nosso trabalho e hoje desempenha um excelente papel como advisor.

Outros fatores que contribuem para esse índice alarmante são:

  • As incertezas de um país como o Brasil, políticas macroeconômicas, carga tributárias e incertezas judiciárias.
  • Não conseguir alavancar faturamento, não saber fazer orçamentos (gerando baixa gestão de custos e visualização do negócio).
  • Falta de mão de obra especializada.
  • Desentendimentos familiares e com os sócios.

E é por estes motivos que uma empresa familiar deveria ter conselho, ele mitiga esses temas relatados acima e impulsiona o crescimento.

Governança corporativa: o papel do Conselho

O conselho gera valor sustentável atendendo às regras e leis.

Alguns conceitos devem ser lembrados antes de aprofundarmos esse tema, como, por exemplo, a diferença entre conselho de administração e consultivo.

O Conselho de Administração e o Conselho Consultivo são órgãos de governança das organizações, mas possuem funções e responsabilidades diferentes:

Conselho de Administração

– É um órgão obrigatório em algumas empresas de grande porte e de capital aberto.

– É responsável por definir a estratégia geral da empresa, supervisionar a gestão executiva, tomar decisões importantes e representar os acionistas.

– Os membros do Conselho de Administração têm poder de voto e podem influenciar diretamente as decisões estratégicas da empresa.

Conselho Consultivo

– É um órgão não obrigatório e não regulamentado por lei.

– Tem um papel consultivo, fornecendo orientação e aconselhamento à diretoria executiva ou ao Conselho de Administração.

– Os membros do Conselho Consultivo não têm poder de voto e não têm responsabilidades gerenciais formais na empresa.

O valor estratégico dos Conselhos Consultivos

Por que ter conselhos em empresas familiares?

  1. Visão externa e expertise: um conselho consultivo composto por membros externos à família traz uma visão imparcial e expertise em áreas específicas que podem ajudar a empresa a enfrentar desafios e identificar oportunidades de crescimento.
  2. Gestão profissional: o conselho consultivo pode auxiliar na profissionalização da gestão da empresa, trazendo práticas de governança corporativa, estratégias de negócio e processos de tomada de decisão mais eficientes.
  3. Conselhos e orientação: os membros do conselho consultivo podem oferecer conselhos e orientação estratégica à empresa, ajudando a definir metas, planos de ação e estratégias de longo prazo.
  4. Mediação de conflitos: em empresas familiares, é comum surgirem conflitos entre membros da família. Um conselho consultivo pode atuar como mediador e facilitador na resolução desses conflitos, contribuindo para a harmonia e o bom funcionamento da empresa.
  5. Networking e oportunidades: os membros do conselho consultivo podem trazer mais contatos e abrir portas para novas oportunidades de negócio, parcerias e investimentos.

Como deve ser a atuação

  • Deve assegurar equilíbrio entre todas as partes e suas necessidades com interdependência.
  • Por se tratar de empresas de médio e pequeno porte, a atuação deve ser clara e tempestiva.
  • A maioria dos empreendedores brasileiros está matando um leão por dia, portanto o conselho deve trazer valor a curto prazo, pensamento de futuro e inovação.
  • Deve criar um plano estratégico de futuro, em um mudo volátil isso é fundamental.

Em resumo, investir em um conselho pode trazer vantagens competitivas, promover o crescimento sustentável e fortalecer a governança da empresa de pequeno e médio porte, tornando-a mais preparada para enfrentar os desafios do mercado e alcançar o sucesso e perenidade.

Perfil do conselheiro

Ele deve saber que não existe receita de bolo e deve compreender a cultura da empresa, entender os processos e os desafios. O Conselheiro trabalha de forma preventiva, sempre avaliando a matriz de impacto x probabilidade.

E deve ter o skill técnico que a empresa tem mais dificuldade no momento, lembrando que um conselho deve ser plural.

Como o conselho ajuda o fundador

– Ninguém tem skill para tudo, o conselho complementa.

– A gestão é solitária, muitas vezes ficamos ali só ensinando e não temos trocas importantes de aprendizado. Você pode criar, aprender e compartilhar.

– Muitas vezes os sócios ou familiares têm ideias e atuações distintas e o conselho atua na mediação.

A inteligência coletiva é soberana. Ter com quem dividir, pensar junto e decidir de forma mais assertiva tem muito valor e talvez seja a diferença de quem dura ou não.  Com o mundo tão volátil e arriscado, estar sozinho e isolado aumenta o risco de dar errado.

Quando uma média e pequena empresa contrata um conselho?

  • Abertura de mercado.
  • Venda e compra.
  • Sucessão familiar.
  • Quer crescer.
  • Momento de crise.

Hoje, no Brasil, temos mais de 700 mil recuperações judiciais, um número alarmante.

A cultura do conselho consultivo ajudaria a diminuir este número.

90% das empresas são familiares…

75% dos empregos estão aí…

65% do PIB…

E só 70% das empresas sobrevivem ao primeiro fundador…

A Governança chega em uma empresa para gerar reflexão, e não o conforto. E para não ser mais uma nessa estatística.

Conselho de alto impacto: visão e estratégia

  • O melhor conselheiro é aquele que sabe fazer as melhores perguntas. É primordial ter muitas perguntas e aprender a fazer as certas para estimular a reflexão.
  • O conselheiro precisa ter coragem para desagradar, humildade para aprender, respeito, habilidade para trabalhar em colegiado, persuasão para obter a ação e ser um bom ouvinte, principalmente dos stakeholders.
  • A reunião do conselho deve ser uma conversa qualificada baseada em fatos, experiências e visão de futuro. É um colegiado, pois a inteligência coletiva é soberana, mas lembrando que, sem a diversidade de pensamentos, a decisão é enviesada.
  • A isenção do conselho retira a parte emocional das decisões, tornando as decisões mais técnicas e menos viscerais.
  • O conselho deve ser completo, o que falta em um, o outro complementa.
  • Máxima atenção ao que impacta o negócio: litígio, pressão de acionistas e por transparência, mudança demográfica e política, inovação tecnológica acelerada, distinção na cadeia de suprimentos e ameaças por ativistas.
  • Saber gerenciar a extrema incerteza com algumas ações: flexibilidade e adaptabilidade, estando aberto a mudança e sendo ágil na adaptação das novas circunstâncias.
  • Diversificação de operações, clientes e produtos para reduzir a dependência de um único fator ou mercado.
  • Monitoramento constante, mantendo-se atualizado com informações e tendências relevantes para poder tomar decisões informadas.
  • Planejamento de futuro, antecipando diferentes cenários e se preparar para agir de acordo com cada um deles.
  • Reserva de recursos, mantendo uma reserva de recursos financeiros e humanos para lidar com períodos de instabilidade.

O que evitar?

  • Exceção de otimismo, aceitar um novo normal.
  • Instabilidade informacional.
  • Informação errada.
  • Paralisia por análise, o bom é inimigo do ótimo. Decisões precisam ser tomadas.
  • Esgotamento organizacional.
  • Não entrar na operação, cada um deve fazer seu papel.

O que fazer?

  • Reconhecer que todo conhecimento é provisório e incompleto.
  • Apagar o fogo cedo, gerenciamento de crise.
  • Não surpreender ninguém, tudo deve ser previamente acordado para ser produtivo.
  • Ter visão de futuro. Estudar, entender o mercado.
  • Pensamento de longo prazo e inovação.
  • Ser orientado a processo.
  • Foco implacável no amanhã.
  • Visão de mundo.
  • Pensar para frente e para fora.

Concluindo, um conselho de alto impacto e visão de futuro deve ser ativo e estratégico.

Esse conselho trabalha em equipe em um ambiente de confiança, percepção da classe mundial, foco implacável no amanhã, diversidade de pontos de vista e de valores.

Texto adaptado para o blog Lonax sob autorização da autora. Erika Linhares começou a carreira como sacoleira e vendedora em loja e hoje tem 20 anos de experiência como executiva, palestrante, autora e pedagoga especializada em comportamento, além de influenciadora digital com mais de 200 mil seguidores no Instagram.

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