Conheça Canudos e a história que popularizou o Sertão Baiano

Canudos é um município localizado no sertão baiano e caracterizado por um clima semiárido. Marcado por altas temperaturas durante todo o ano, registra média de 24 graus Celsius. Essa marca o torna uma das regiões mais quentes e secas do País. As únicas chuvas caem na região apenas no período do verão, ainda assim são irregulares e insuficientes, o que torna a terra imprópria para a agricultura, mesmo que a de subsistência. A região também registra longos período de estiagem, o que sempre colaborou para a baixa fixação do nordestino e explica as migrações do sertanejo para o sul do Brasil de forma crônica.

Origem da ocupação

A ocupação da área de Canudos é datada dos séculos XVII e XVIII. A instalação de fazendas de gado começa a atrair vaqueiros vindos de outras regiões da Bahia, além de missões jesuítas que se instalam às margens do Rio Vaza-Barris. Há também registros de população indígenas que se misturam aos novos habitantes.

Conta-se que a origem do nome Canudos tem relação a uma planta típica da região, o “Canudo de Pito”.

Por volta de 1890 o pequeno povoado tinha sido abandonado. Apenas 3 anos depois um homem nascido no Ceará 63 anos antes, chega à região e ocupa a cidade abandonada. Esse homem se chamava Antônio Vicente Mendes Maciel. Filho de pais muito religiosos, ainda criança aprendeu a ler e a escrever e se dedicou a leitura de livros religiosos, muito proibido pela igreja.

Ajudou o pai no Armazém da família, na atual cidade cearense de Quixeramobim. Já tinha perdido à mãe quanto tinha 6 anos. Quando o pai falece, resolve peregrinar pelo nordeste com a mãe e a sogra.

Durante os vários anos de peregrinação pelo nordeste, trabalhou como professor, caixeiro viajante e até escrivão. Após passar pelos sertões de Sergipe e Pernambuco, sua fama de líder religioso o precedia. Daí recebeu a alcunha de “conselheiro”. Chegou a ser preso acusado injustamente de assassinato.

Ao ser liberto, resolve recolher pedras para construir igrejas pelo caminho e assim foi arrebanhando seguidores por onde passava. Essas pessoas eram escravos recém-libertados, indígenas sem-terra e toda a sorte de desafortunados. Ele e seus seguidores constroem pontes, cemitérios, açudes e igrejas. E sua liderança cresce na mesma medida das construções.

Foi nesse caminho que chegou à Canudos em 1890, já com  63 anos. Já tido como líder religioso, batiza o povoado com o nome Belo Monte.

A aldeia passa a ser ponto de peregrinação de muitos sertanejos embalados pelo sonho de uma vida melhor. No auge da ocupação, Belo Monte chegou a ter uma população de 25 mil habitantes, e conseguiu ser autossuficiente por conta de criação de gado e algumas culturas e lavouras.

A atração por Belo Monte tinha origem principalmente pelas dificuldades para o sertanejo a época, refém de grandes latifundiários e do caráter inóspito do clima, que não oferecia as chuvas e qualidade de solo necessárias à fixação e habitação digna.

Por sua característica de autossuficiência e por ser liderada por um religioso com “ideias revolucionárias”, chamou a atenção dos governos da Bahia e da Federação. Começa então uma série de invasões à Belo Monte à caça de Antônio Conselheiro, visto como ameaça aos governos federal e estadual.

 A guerra de Canudos

Seis anos depois da ocupação de Belo Monte começaram os ataques das tropas do Estado. Movimento batizado de Guerra dos Canudos. Foram 3 tentativas de invasão à cidadela que não tiveram sucesso. Liderada por Antônio Conselheiro, a população conseguiu repelir todas as tentativas.

Mas o exército consegue matar Antônio Conselheiro e, quinze dias depois, Belo Monte, sem seu líder, cai durante a quarta invasão em outubro de 1897.

Cerca de 13 anos após a destruição da comunidade pelas forças federais e estaduais, alguns sobreviventes da Guerra de Canudos criam outro povoado de nome Canudos, no local da antiga comunidade de Belo Monte. Era a segunda Canudos da região.

O então presidente do Brasil, Getúlio Vargas, em visita à região, anuncia a construção de um açude.

Somente 10 anos depois começariam as obras que inundariam toda a região de Belo Monte, o que forçou a saída dos moradores para cidades vizinhas, principalmente Bendegó, Uauá, Euclides da Cunha e Feira de Santana.

Formou-se então um novo vilarejo junto à nova barragem em construção, que ficava a 20 km da segunda Canudos

Com o término das obras, o local onde ficava a segunda Canudos desapareceu sob as águas do Açude de Cocorobó em 1969. Um pequeno bairro do vilarejo ficou fora das águas, e hoje é chamado de Canudos Velho.

A Lei Estadual n.º 4.405, de 25 de fevereiro de 1985, emancipou o vilarejo de Cocorobó do município de Euclides da Cunha. Aproveitando a fama do nome, o novo município foi batizado de Canudos, tornando-se assim a terceira localidade com este nome.

Hoje Canudos ocupa uma área de mais de 3 milhões de quilômetros quadrados, está localizado no chamado Polígono das Secas no vale do rio Vaza-Barria e conta com população de pouco mais de 16 mil habitantes de acordo com estimativas de 2021 do IBGE. Bem menos que na época de Belo Monte e de Antônio Conselheiro.

 

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