Comunicação assertiva

Você já presenciou um bate-boca em público? Pessoas nervosas, gritando umas com as outras, xingando bastante? E brigas no trânsito? Um verdadeiro festival de insultos? Creio que todos já tiveram essa péssima experiência.   

Para evitar situações como essas, sempre ouvimos que fulano deveria ter sido uma pessoa mais sensata, tranquila, assertiva. Mas, certamente, quando se referem à assertividade, todos querem dizer que a pessoa deveria ter atitudes mais acertadas, certo?  

Nesse caso, assertividade não vem de acerto e sim de asserção, que significa afirmação. De acordo com a definição, assertividade é a maneira como as pessoas comunicam às outras o que sentem e o que pensam. É a comunicação direta, aberta, congruente e adequada daquilo que pensamos e sentimos em relação aos outros e às situações. 

Nós convivemos, todos os dias, com pessoas assertivas e não assertivas, sendo que as não assertivas podem ser divididas em passivas ou agressivas. Agora você pode estar me perguntando: e a comunicação, onde entra nessa história? Calma que eu explico. Primeiramente, vou ilustrar características de pessoas assertivas afirmativas, não assertivas passivas e agressivas. Depois faço um paralelo com a comunicação. 

A partir de agora, vou ilustrar três situações distintas. Imagine que você esteja numa padaria, aguardando na fila do caixa. Na sua frente está um senhor de meia idade. De repente, um rapaz, de aproximadamente 20 anos, aproveita um descuido e se coloca à frente dele. Além de furar a fila, o rapaz ainda pisou no pé do senhor. Sem esboçar reação alguma, o idoso simplesmente se afasta, diz tudo bem e deixa o rapaz tomar o seu lugar na fila. Detalhe, o jovem nem solicitou e nem agradeceu a oportunidade. Essa é a definição de não assertividade passiva, por parte do idoso. 

Agora vou contar a mesma história com desfecho diferente. Seria a mesma situação do rapaz furando a fila, mas a reação do senhor será diferente. Ao aproveitar o descuido do idoso, furar a fila e pisar em seu pé, o rapaz foi surpreendido com uma pisada muito maior, de volta e ainda vários gritos, xingamentos e um empurrão que o fez desistir de ficar na fila. O que aconteceu foi que o rapaz acabou mexendo num “vespeiro”. O senhor estava em um péssimo dia e até exagerou em sua reação, utilizando palavras de baixa calão. Nessa situação, conseguimos identificar a não assertividade agressiva.    

Se pudermos analisar e fazer um juízo de valor, consideramos que ambas as reações, do senhor idoso, não foram as melhores. Na primeira, foi bobo demais, extremamente passivo e na segunda explodiu, ou seja, muito agressivo. Ainda bem que não houve piores consequências. Faltou incluir nessa história, o exemplo de assertividade afirmativa, que é considerada a mais sensata e politicamente correta para enfrentarmos o dia a dia. 

Utilizando o mesmo exemplo da fila do caixa, se alguém tiver a intenção de furar a fila e ainda pisar em seu pé, calmamente, pode-se verbalizar que não concorda com tal situação, explicar porque você não pode ceder o lugar e evidenciar que ainda foi pisado. Se o rapaz insistir, é melhor tentar manter a calma e chamar um segurança ou alguém do estabelecimento para que haja um acordo entre as partes. Nesse caso, a sensatez, o equilíbrio e o bom senso foram fundamentais. Em casos parecidos, as pessoas costumam se desculpar e entender que existem determinadas regras a serem cumpridas. Nesse último exemplo, o senhor apresentou assertividade afirmativa. 

Se observarmos bem, nas três situações, a comunicação foi utilizada, de diferentes maneiras. No momento de passividade, foi dito um “tudo bem” que deixava claro a subserviência do senhor, que poderia estar irritado internamente, mas que não conseguiu externar esse sentimento. Já no momento de agressividade, os gritos e xingamentos mostraram todo o descontentamento do idoso, que o fez explodir em raiva e descontentamento.  

Sem dúvidas, o desfecho mais indicado é o da assertividade afirmativa, que demonstra tranquilidade na relação interpessoal. Conseguir manter a calma e “contar”, se necessário, até 10…mil, pode ser uma boa saída, dependendo das situações. Saber utilizar as melhores palavras em diversos momentos, desde muito tranquilos até os mais estressantes. Quantas pessoas você conhece que tem reações parecidas com a do senhor de nossa história? Algumas são extremamente passivas ou exageradamente agressivas. Quantos conhecidos nossos são considerados limitados ou até estúpidos, em nossa família e nas empresas? Pessoas com essas reações, estão em todos os lugares.  

O ideal é conviver com pessoas assertivas, que utilizam uma comunicação não violenta. Que escolhem bem as palavras e pensam bem antes de falar. Sabemos que a forma de pronunciar, pode mudar totalmente a compreensão da mensagem.  

Na língua portuguesa, conhecemos inúmeras frases que tem outro significado, de acordo com a pontuação. Em meu livro “Fale bem agora ou cale-se para sempre”, apresento um exemplo interessante: 

-Suas filhas vieram. Foram embora não. Estão doentes. 

-Suas filhas vieram, foram embora. Não estão doentes. 

Observe que a substituição de um ponto, por uma vírgula e a troca do local do ponto final, fez toda a diferença, ou seja, as frases apresentaram significados completamente diferentes. Por isso sempre sugiro que, antes de enviar uma mensagem pela internet, verifique a pontuação. Uma dica preciosa é ler sempre em voz alta. 

Se há esses equívocos na língua escrita, imagine na língua falada. Na comunicação verbal e não verbal temos diversos elementos que podem oferecer ruídos que interferem diretamente na compreensão de uma mensagem. Para ter uma comunicação mais assertiva, observe o conteúdo a ser dito, a intenção da comunicação e, obviamente, a emoção das pessoas, naquele momento.  

Na comunicação verbal, capriche no volume da voz, para não gritar, evite falar muito rápido, pode se tornar incompreensível e, sobretudo, escolha o melhor tom entre graves e agudos de nossa voz para que transmita certeza e verdade em tudo que disser.  

Já na comunicação não verbal, sabemos que o nosso corpo fala, sem precisarmos abrir a boca. Portanto, temos que cuidar da nossa boa postura, gesticulação sem exageros e o semblante, se possível, tranquilo e sereno. Dessa forma, estará “na cara” que desejamos oferecer sempre uma comunicação assertiva. 

Artigo adaptado para o Blog Lonax  e autorizado pelo autor. O jornalista e pós-graduado em marketing Anderson Veloso é precursor de canal de vendas pela televisão além de locutor e debatedor da Rádio Itatiaia;  mentora profissionais e empresários para a construção da oratória assertiva. Palestrante do Sebrae e do Senac é autor do livro Fale bem agora ou cale-se para sempre. 

 

 

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