Pensar em falta de ar não é uma boa sensação. A falta do oxigênio seria fatal para a vida na terra. Mas não nos biodigestores.
É justamente pela ausência de O² que se dá a metamorfose: das fezes e restos indesejados para energia elétrica e biofertilizantes além de biogás – que geram riqueza para os produtores rurais e das cidades e ainda – e principalmente – é um processo sustentável que protege e preserva o meio ambiente.
Descartados no passado in natura em rios e sobre o solo sem proteção, hoje rejeitos como lixo doméstico, plantas e vegetais e até fezes e urina podem ser depositados num biodigestor para se transformarem em riqueza pela falta de oxigênio.
Criado e desenvolvido na guerra
Durante e depois da Segunda Guerra, alemães e italianos, desenvolveram técnicas para obter biogás de dejetos e restos de culturas, mas foi na Índia, em 1939 que a pesquisa ganhou força e o Instituto Indiano de Pesquisas Agrícolas em Kanpur, desenvolveu a primeira usina de gás de esterco. Após muitas pesquisas já em 1950 houve uma grande difusão da metodologia de biodigestores como forma de tratar os dejetos animais, obter biogás e ainda conservar o efeito fertilizante do produto (biofertilizante). Foi esse trabalho pioneiro, realizado na região de Ajitmal (Norte da Índia), que permitiu a construção de quase meio milhão de unidades de biodigestão no interior daquele país. A partir da crise energética deflagrada em 1973, a utilização de biodigestores passou a ser uma opção adotada tanto por países ricos como países de Terceiro Mundo em nenhum deles, contudo, o uso dessa tecnologia alternativa foi ou é tão acentuada como na China e Índia.
Composição do biodigestor
O biodigestor é um reservatório impermeabilizado e coberto por geomembrana onde ocorre a decomposição do material por decomposição anaeróbica (zero o²).
Os tanques rebem água e a adição de microrganismos anaeróbicos. Essa é a solução onde o material vai repousar e liberar nesse processo de tempo o biogás que pode ser usado para gerar energia elétrica, cocção e aquecimento.
O processo também gera líquido. Muito rico em nutrientes vai ser usado como biofertilizante. Como advém de fonte e formas naturais, ele é classificado pelo mercado como produto que contribuiu para o meio ambiente e não se utiliza de produtos químicos (defensivos agrícolas) para gerar o biofertilizante que pode ser usado sem restrições para adubar lavouras de qualquer tamanho.
É um projeto relativamente simples pois conta com duas estruturas: uma lagoa para biofertilizante e um biodigestor tubular. No biodigestor o material oriundo de descarte e lixo vai repousar por tempo determinado até que a decomposição efetuada pelos microrganismos gere os produtos desejados: biogás e biofertilizante.
Cada tipo de biodigestor apresenta vantagens e desvantagens em função das demandas como energia, tipo do material a ser tratado e do tipo de biofertilizante que se pretende produzir.
O biodigestor pode ser alimentado com várias fontes de biomassa: dejetos de bovinos, suínos e aves e ainda resíduos agroindustriais;
O reservatório de geomembrana PEBDL (polietileno de baixa densidade linear) por ser mais flexível e resistente é o mais utilizado para a cobertura do biodigestor é a Geomembrana que faz a contenção do gás;
A Geomembrana possui elevada resistência química porque precisa estar em contato com gases e líquidos gerados no processo;
Biofertilizante
O biofertilizante gerado por meio do biodigestor é um tipo de adubo natural, sustentável e com qualidade excelente. Isso permite que ele substitua fertilizantes químicos e defensivos agrícolas. Ele atua como fertilizante além de combater pragas.
Biogás
O biogás é um gás composto principalmente por gás carbônico (CO2) e metano (CH4). Os biodigestores em geral acompanham uma tubulação para o biogás e uma chaminé.
Equivalência Energética
Um metro cúbico (1 m³) de biogás equivale energeticamente a:
- 2,35 Kg de GLP (gás de cozinha);
- 2,56 litros de gasolina;
- 1,54 litros de etanol;
- 2,5 KWh de eletricidade;
- 0,28 kg de lenha (eucalipto);
- 0,44 kg de cavaco
O mais completo sistema de reciclagem
Os biodigestores, ao permitirem o processo de biodigestão anaeróbia sob controle, representam uma forma ambientalmente favorável para a reciclagem de carbono e outros elementos na natureza. Por se tratar de um processo que permite a conversão de biomassa em energia renovável (biogás rico em metano), além de estimular a coleta de resíduos convertendo-os em fertilizante (conservação e racionalização no uso de nutrientes para plantas no meio rural) e o saneamento ambiental (pelo isolamento de materiais orgânicos dos homens e animais, pelas reduções de microrganismos patogênicos e parasitas e pela estabilização da matéria orgânica) este pode ser considerado o mais completo dos sistemas de reciclagem. O biogás pode substituir combustíveis derivados de petróleo com vantagens ambientais.